“Consulta aberta” no Médio Tejo retira doentes à urgência hospitalar
O Centro Hospitalar do Médio Tejo iniciou em 2016 um projeto inovador, com resultados positivos para utentes e para os profissionais. Cerca de 800 doentes que se dirigiram à urgência durante a época da gripe optaram pelo serviço “Consulta Aberta” onde foram atendidos de forma “rápida e eficaz”.
“Quando se diz ao utente para não ir à urgência, deve-se dar-lhe uma alternativa”. A convicção pertence ao presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), Carlos Andrade Costa, a propósito das vantagens trazidas pela “Consulta Aberta” implementada em 2016 naquele centro hospitalar. Este serviço complementar, em funcionamento apenas durante a vigência do Planos de Contingência para Temperaturas Extremas Adversas – Módulo de Inverno (comumente designado por Plano de Contingência da Gripe), em dois anos de funcionamento, tem demonstrado ser uma opção eficaz ao combate da afluência às urgências, com diversas vantagens para o utente e para os hospitais do Médio Tejo.
Composto por três unidades hospitalares distribuídas por Tomar, Torres Novas e Abrantes, foi na cidade abrantina que se deram os primeiros passos, durante o Inverno de 2016 /2017. O início da experiência apresentou desde logo resultados positivos, que evidenciaram, segundo Carlos Andrade Costa, as virtudes da iniciativa. Naquele ano, 230 utentes optaram pela Consulta Aberta em detrimento de uma ida à urgência. Pouparam tempo e a paciência, já que para beneficiar deste serviço é necessário aguardar apenas entre 15 a 20 minutos pela consulta. Além de ser observado por um médico de família, o utente tem também direito a consulta de enfermagem e acesso imediato à realização de análises e exames necessários ao diagnóstico. No espaço de uma hora no máximo, o doente é observado, faz análise e exames, é diagnosticado e medicado.
Como funciona a consulta aberta?
Esta consulta funciona, normalmente, durante a vigência do Plano de Contingência de Inverno, período em que o vírus da gripe costuma afligir o país. Durante aquele período, o serviço funciona junto às urgências hospitalares todos os dias úteis, de segunda a sexta-feira, das 18h30 às 22h30, nas três unidades hospitalares que constituem o CHMT.
Assim que o doente chega às urgências, é-lhe apresentada em alternativa a possibilidade de se inscrever no serviço de “Consulta Aberta”. A adesão a esta modalidade é voluntária e depende exclusivamente da sua vontade.
A verdade é que devido a este serviço inovador, no último inverno cerca de 800 utentes foram poupados a uma espera por vezes demasiado longa nas urgências hospitalares. “É um modelo facilitador, que ajuda a descongestionar a urgência”, afirma à reportagem do ACONTECE a Enfermeira Diretora do CHMT. Ana Paula Eusébio defende a solução “Consulta Aberta” ministrada no centro hospitalar, sobretudo pela credibilidade e segurança que transmite aos utentes. “É um espaço em que as pessoas ficam mais tranquilas”, assegura. Sobretudo porque o acesso aos exames “credibiliza o ato médico e do ponto de vista psicológico é vantajoso para o cidadão”, complementa o presidente do conselho de administração.
E quais são afinal as vantagens da Consulta Aberta? “São várias”, explica Carlos Andrade Costa. É uma alternativa, a funcionar em horário não laboral, operacionalizada de forma a simplificar o acesso aos utentes que se dirigem à urgência hospitalar, mas que não são de facto doentes urgentes. “Retiramos da urgência quem não precisa de urgência”, enfatiza o responsável, que acrescenta ainda outro fator importante – “Se estes doentes passassem pela urgência, ficariam mais caros ao hospital”.
O acesso “é rápido e eficaz”, tendo um grau de satisfação do utilizador que faz com que a administração do CHMT acredite estar no bom caminho e esteja já a preparar medidas de melhoria, para que a resposta de cuidados seja ainda mais eficiente no próximo inverno. “É um modelo credível para os utentes e para os profissionais, que poderá ser replicado na rede hospitalar do SNS”, defende Carlos Andrade Costa.
