Unidade de Cirurgia de Ambulatório no Hospital Curry Cabral

 

Quatro mil cirurgias realizadas em média todos os anos. Tudo é feito com organização, com percursos e métodos bem definidos e com uma equipa motivada, apesar das dificuldades. A Unidade de Cirurgia de Ambulatório do Hospital Curry Cabral, criada em 2004, foi pioneira e é um exemplo a nível nacional.

São muitos os ganhos de qualidade e eficiência conseguidos com um circuito e procedimentos bem definidos, como acontece na Unidade de Cirurgia de Ambulatório, a funcionar desde 2004 no Hospital Curry Cabral (Centro Hospitalar de Lisboa Norte). Desde logo, é melhor para o doente, que poderá ser submetido a um ato cirúrgico sem necessidade de internamento. Poupa-se em desconforto, ganha-se na qualidade dos cuidados prestados. Os profissionais têm maiores garantias quanto à competência do seu trabalho e o hospital obtém ganhos de eficiência.

“O segredo está em ter um circuito muito bem definido”, revela Paula Tavares, responsável pela unidade desde do início da aplicação do novo formato organizacional, o primeiro a ser aplicado nos hospitais da capital.

A unidade de cirurgia de ambulatório, que desde 2016 juntou-se com a do Hospital dos Capuchos, realiza, em média, 4 mil cirurgias por ano em regime de ambulatório, registando um tempo de espera quase nulo para as intervenções cirúrgicas realizadas com anestesia local.

A Unidade do Curry Cabral integra o regime ambulatório e a realização de exames, atualmente em três salas – “brevemente serão quatro” garante satisfeita a médica responsável.

O sucesso da cirurgia de ambulatório depende de uma cuidadosa seleção dos doentes e dos procedimentos adequados ao nível cirúrgico, anestésico e social. O percurso do utente começa na consulta de especialidade que o referencia para a unidade. Ali chegado o doente é avaliado em consulta pelo médico e encaminhado para a avaliação do anestesista onde são confirmados os critérios e procedimentos a adotar no pré e pós-operatório e decidida o tipo de anestesia a utilizar. Estima-se a estabilidade clínica e psíquica do doente, o tempo de cirurgia necessária ou a probabilidade de complicações pós-operatórias. Critérios clínicos garantidos pela equipa antes de qualquer cirurgia.

Sala de cirurgia de ambulatório do Hospital Curry Cabral

Por fim, o paciente é avaliado também na consulta de enfermagem. Uma fase considerada essencial para a efetivação da intervenção em ambulatório, uma vez que é ali que se obtém as garantias sociais. É neste espaço que a equipa percebe se o doente tem condições para que a recuperação seja feita em casa. As respostas a perguntas tão simples como “Tem domicílio fixo?”, “Tem telefone?”, “Mora longe?” ou “Tem alguém que o ajude durante o período de recuperação?” ajudam a avaliar as condições do paciente. “Aparecem-nos muitos idosos que estão sozinhos e dizem-nos que não querem incomodar os filhos. Nestes casos, costumámos realizar as cirurgias à sexta-feira”, explica Paula Tavares. O estar acompanhado durante a recuperação é um fator importante para garantir que, caso hajam complicações, alguém avisa o hospital. Embora a unidade tenha como procedimento o acompanhamento via telefone. Durante as primeiras 24 horas e ao sétimo dia são sempre realizadas as chamadas de monitorização, para assegurar que a recuperação está a correr bem e as recomendações são seguidas. Na Unidade de Cirurgia de Ambulatório do Curry Cabral, o doente sai sempre com a medicação necessária, sem custos adicionais. A prática de fornecer gratuitamente a medicação analgésica, em que foram pioneiros é, atualmente, adotada em todo o SNS. Paula Tavares sublinha que “está tudo padronizado, há garantias e o utente só sai quando estão reunidas todas as condições de segurança”.

Ana Paula Tavares, responsável pela unidade no Hospital Curry Cabral

A funcionar 12 horas por dia, entre as 8h e as 20h, a Unidade de Cirurgia Ambulatória dá resposta a um total de dez especialidades: cirurgia geral, cirurgia plástica, maxilo-facial, vascular, estomatologia, ortopedia, urologia, neurocirurgia, nefrologia e otorrinolaringologia. Paula Tavares confirma que a equipa que dirige está motivada, embora lamente a falta de recursos humanos e as ineficiências do sistema informático de suporte, insuficiente quanto às necessidades do serviço.

“O futuro é por aqui, é preciso centrar o foco no ambulatório”, acrescenta Paula Tavares, enumerando as qualidades necessárias a um cirurgião de ambulatório: “seguros, rápidos e ter um ótimo relacionamento com os colegas e com os doentes”. Quanto ao futuro, prevêem-se vários desafios. A responsável aguarda por “um novo estímulo”, a conseguir através do alargamento do espaço que dispõe para a unidade, também do alargamento do horário de funcionamento até às 23h00, pela possibilidade de prestar formação aos internos (de forma faseada) e por dar um “salto de complexidade cirúrgica” na unidade que dirige.

Percentagem de ambulatorização cirúrgica no SNS

Percentagem de ambulatorização cirúrgica no SNS

 

in ACONTECE Abril 2018

imagem do post do Unidade de Cirurgia de Ambulatório no Hospital Curry Cabral